quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Hodierno

A minha liberdade se esvai todas as noites quando meus pensamentos exaustos se voltam para o martírio cotidiano do dia seguinte, se vai todas as manhãs quando escovo os dentes e me visto para a labuta, quando me vejo em meio à turba espremida no container Mercedes Benz, na repetição dos gestos, das falas, nos míseros três dígitos no contracheque, no aumento da força motriz do Capitalismo, nos meus desejos negados, meu cartão abarrotado, na venda barata da minha força de trabalho por um mundo de sonhos dezoito andares abaixo.

Texto: Juliana Ebrifestante